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Notas Sobre Duas Saudades

Atualizado: 1 de set. de 2023



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O escritor e incentivador do movimento modernista de 1922, Paulo Prado, na obra Retrato do Brasil, cujo subtítulo – Ensaio sobre a tristeza brasileira, publicado em 1928, apresenta a melancolia como um elemento constituinte de nossa cultura e de nossa miscigenação cultural. A presença deste traço em seu retrato do homem brasileiro, salvaguardada todas as críticas que sua visão de mundo, passa a sofrer numa leitura descontextualizada, merece nossa atenção, quando o fato é a saudade, cuja tema, permeia até hoje, nosso imaginário social. A cidade de Matão tem como seu hino oficial, a valsa sertaneja Saudade de Matão, carregada de elementos melancólicos presentes na música e na letra, estes também se encontram em outra música do cancioneiro sertanejo denominada: Saudade de Araraquara. Esta, próxima ao ritmo cururu, também se apresenta carregada de elementos constitutivos da melancolia e de uma história de amor não realizado. Identificamos, além de uma proximidade geográfica, que Matão e Araraquara, guardam também o entorno da temática, um outro ponto considerado mais polêmico, que envolve a autoria da música e letra da canção – Saudade de Matão. Numa consulta rápida, em páginas da internet, verificamos que, no geral, prevalece a versão de que a música Saudade de Matão, tinha como título original: Francana, que fora criada pelo maestro de uma banda ítalo-brasileira, de Araraquara, chamado Jorge Galati, em 1904. Passando a ser executada em diversos lugares, inclusive na capital, à época, Rio de Janeiro. Em 1912, ela passou a ser chamada: Saudade de Matão. Em 1938, o compositor uberabense Antenógenes Silva, reivindicou a autoria. Por volta de 1938 – 1940, que Raul Torres colocou uma letra na valsa Saudade de Matão e gravou com seu sobrinho Serrinha. Em 1941, Carlos Galhardo, intérprete de valsas, também gravou a música. Diante de toda a polêmica, quem melhor esclareceu a questão da autoria da música e letra, foi o cantor/compositor e radialista, Henrique Foréis Domingues, mais conhecido por Almirante, que descobriu que existia uma declaração registrada em cartório, no ano de 1904, pelo então prefeito de Araraquara, Pio Correa de Almeida Moraes, afirmando categoricamente, que ouvia Jorge Galati interpretar a valsa Francana em diversas ocasiões. Em 1949, Pedro Perches de Aguiar alterou, oficialmente, o nome da valsa Francana para Saudade de Matão, assim como reivindicou a autoria daquela canção. Outros pesquisadores, dizem que essa mudança de nomenclatura, se deu em 1912, quando Pedro residia em Taquaritinga. Se a música e letra Saudade de Matão gerou tanto polêmica em torno de sua autoria, a canção Saudade de Araraquara tem apenas uma referência na internet. Ela foi composta pelo santa-ritense Zé Carreiro, nos anos 1950 (Lúcio Rodrigues de Souza) e gravado pela dupla Zé Carreiro e Carreirinho, em 1952. Posteriormente, também, por Tônico e Tinoco e Tião Carreiro e Pardinho. O site www.musicaboa.com.br informa que “recentemente, em uma de suas lives, o cantor João Carreiro a interpretou e não conteve as lágrimas, que foram derramadas pela beleza da canção” (MORO, Guilherme – 31/07/2020). Esta referência a João Carreiro e a emoção que a música ainda provoca ao ser cantada, nos reporta à temática, que apresentamos no início de nosso texto, ou seja, a saudade permeia o imaginário do povo brasileiro que, com certeza, dos matonenses e araraquarenses que se emocionam ao ouvir e cantar essas duas músicas. Neste campo de encontros e desencontros amorosos, tão presentes nestas canções, uma citação de Paulo Prado, da obra Retrato do Brasil, parece sintetizar um pouco de nosso imaginário cultural e permear o nosso inconsciente coletivo: “Entre nós, por séculos, fomos paixão insatisfeita, convertida em ideia fixa, pela própria decepção que a seguia. Absorveu toda a atividade dinâmica do colono aventureiro, sem que nunca lhe desse a saciedade da riqueza ou a simples tranquilidade da meta atingida. Na ânsia da procura afanosa, na desilusão do ouro, esse sentimento é também melancólico pela inutilidade do esforço e pelo ressaibo da desilusão (PRADO, 1997, p.70). Essa paixão insatisfeita estaria presente nas duas saudades, a de Matão e a de Araraquara. Eles não se realizaram no amor, os amantes, por motivos não presentes na canção, perpetuaram uma paixão proibida e ou um amor irrealizável, relatado nestas tristes canções. Perpetuando a sua união, mesmo sem ter podido viver juntos esse amor, esse processo de união e ruptura, no caso da Saudade de Matão, separado pela morte – “Lá no céu, junto a Deus, em silêncio, minha alma descansa. E na terra, todos cantam, eu lamento minha desventura desta pobre dor”. E pela separação de um amor impossível, Saudade de Araraquara – “Os olhos que lá me viram, de certo não me vê mais” – causa nos amantes sofrimento, dor, melancolia. Neste contexto, o próprio ato de sublimação se dá por meio da canção musical e do poema que personifica a música. No caso da Saudade de Matão, seria a história de um leproso que não pode realizar o seu amor? Qual o seu nome? No caso de Saudade de Araraquara, a história que ouvi, de meu tio Geraldo Sedran, era que a música original não falava, no final, Adeus minha rosa branca, mas sim, Adeus minha Rosa Cleide, nome da paixão do autor da música, que por pressão de seu pai, não permitiu que ela se casasse. Perguntamos: seria Rosa Branca ou Rosa Cleide, metáforas ou nomes próprios colocados no lugar? Talvez a não resposta a estas duas perguntas, é que tornam ainda mais tocantes, as Saudades de Matão e Araraquara, pois “quem parte, leva saudade, pra quem fica, muito mais” (Saudade de Araraquara), “...por uma paixão sem fim” (Saudade de Matão). Não esqueçamos que corre em nós, o caldo cultural formado pelo povo lusitano e que Fernando Pessoa, também sintetizou ao falar da saudade, quanto pontifica: “Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal...Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”


Paulo Cesar Cedran

Mestre em Sociologia e Doutor em Educação Escolar

UNESP – Campus Araraquara – SP.



Matão 125 anos: Reflexões e Oportunidades de Crescimento em um Cenário em Transformação



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No coração do interior paulista, a cidade de Matão se ergue como um testemunho da resiliência e do trabalho árduo de seus tradicionais moradores. Com uma história profundamente enraizada na cultura agrícola e no empreendedorismo, Matão é um exemplo vivo de como uma comunidade pode se unir para enfrentar desafios e alavancar oportunidades, à exemplo do que ocorreu com nosso hospital (gestão compartilhada com empresários locais, fato este que resultou em um modelo moderno de gestão e com resultados sólidos para ampliação dos atendimentos à população).

O cenário atual nos convida a refletir sobre o passado e a vislumbrar o futuro. Matão cresceu e se diversificou consideravelmente desde suas origens agrícolas. As raízes profundas no setor agropecuário permanecem, mas a cidade também viu o surgimento de novos setores econômicos, como a indústria e os serviços. Essa diversificação é a chave para a resiliência de Matão em face das turbulências econômicas.

Entretanto, não podemos ignorar os desafios que a realidade econômica atual impõe. A globalização e as rápidas mudanças tecnológicas têm impactado as indústrias tradicionais, exigindo adaptação e inovação para garantir a competitividade. A pandemia deu um impulso adicional à transformação digital, desafiando empresas e à cidade a se reinventarem. Nesse contexto, é fundamental que Matão aproveite seu potencial empreendedor e sua mão de obra dedicada, para se posicionar como um polo de inovação e tecnologia, atraindo investimentos que impulsionem ainda mais a economia local, tudo isto, considerando uma parceria público-privada.

Felizmente, as perspectivas de crescimento para Matão são promissoras. A localização estratégica da cidade, sua infraestrutura sólida e a qualidade de vida que oferece são fatores atrativos para empresas e talentos. Ao investir na formação de mão de obra qualificada e na criação de parcerias entre setores público e privado, Matão pode fortalecer sua base econômica e diversificar ainda mais seu perfil, preparando-se para enfrentar os desafios vindouros.

Além disso, a preservação e valorização das tradições culturais e da identidade local não devem ser esquecidas. A rica história de Matão é um ativo valioso que pode ser explorado para fomentar o turismo e atrair visitantes interessados em conhecer a autenticidade da nossa cidade.

Ao continuar investindo na cidade, apoiando iniciativas locais e colaborando com outros empresários e líderes, contribuiremos para um futuro próspero e promissor. A união de esforços é fundamental para superar os desafios econômicos atuais e abrir caminho para um amanhã repleto de oportunidades para todos nós.

Digo e afirmo que Matão é mais do que uma cidade. É um símbolo de determinação, força e potencial. Com visão estratégica, inovação e ação coletiva, essa cidade tem todas as ferramentas necessárias para trilhar um caminho de crescimento sustentável e se tornar um exemplo inspirador de como uma comunidade pode moldar seu próprio destino, preservando suas raízes e abraçando o futuro.



João Marchesan

Administrador de Empresas

e Empresário



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