O Dolente Tocar dos Sinos

Há exatos cinquenta anos, num tempo em que todos se conheciam na ainda provinciana Matão, naquele inverno, de julho de 1973, foi mais rigoroso do que de costume, numa manhã um garoto saiu de casa e se dirigia para o trabalho em uma das muitas oficinas de carroças que por aqui havia, quando percebeu que havia algo diferente na cidade naquela manhã, não havia a correria e os anúncios dos leiteiros, padeiros e outros profissionais que costumeiramente entregavam-se aos seus ofícios todas as manhäs. O que se ouvia era o sino da igreja central que se dobrava melancolicamente a finados, até que uma mulher the disse que naquele dia cidade pararia, e foi ela o núncio para aquele garoto, do passamento de um dos cidadãos mais honrados da cidade, o Padre Nelson.

Padre Nelson Antonio Romão, morreu com pouco mais de cinquenta anos, depois de ter ficado por décadas na cidade pregando seu ministério, assim com a morte daquele homem se encerrava a escrita de uma das páginas mais dedicadas da história de Matão, pois ele foi o grande pal de muitos meninos daquela época, dando Ihes instruções e ensinamentos cristãos para que conduzissem suas vidas de forma honrada, e muitos deles assim fizeram se tornando homens de caráter irrepreensível, certamente muitos que ocupam cargos nas mais diversas esferas públicas ou privadas lembram se com saudosismo do tempo em que eram foram "marianinhos e dos passeios de caminhão para nadarem nas represas das fazendas, de seu rádio amador ou de gravador de lita trazido da Itália, foi por essas reminiscências que aquele sino tocou daquela maneira naquele dia, como não soava há tantas décadas...

Num magistério de amor pela nossa gente e o verdadeiro espirito cristão.

Jorge Inocêncio da Costa,

Advogado e Consultor de Marcas e Patentes.