Uma visão sobre a história do negro.

A partir de diálogos com membros da comunidade negra de Matão, coloquei meu mandato à disposição para tentar, nem que seja minimamente, resgatar as tradições, o direito à informação, à saúde, o que mais tem relevância para o povo negro da nossa querida Matão.

Rememore-se que, junto com os italianos, os negros foram e sempre serão a força motriz do nosso desenvolvimento. Falta, entretanto, o devido reconhecimento que, a meu ver, se inicia por contar a verdadeira história do povo africano.

Os livros escolares – não se busca culpados pelo fato, a época assim recomendava – contam a história do povo negro pela ótica de quem os escreveu.

É erro que cometem aqueles que se dizem historiadores mas, ao invés de contar a história, anotam-na pelo enfoque da sua própria visão, às vezes míope e distorcida, quer pelo fato próprio ou quer pela conjuntura da época em que escreveu, que não permitia que ninguém ousasse contar a verdadeira história. Ao longo da história, a narrativa dos afrodescendentes foi frequentemente silenciada, distorcida ou negligenciada.

É necessário que nossa juventude tenha ciência dos heróis e heroínas negras que foram sub julgados pela história.

O resgate da memória do povo negro é uma jornada de importância vital na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

É um esforço para preencher as lacunas nos livros de história, desafiar estereótipos e revelar as contribuições significativas feitas pelos negros em diversos campos, como artes, ciência, política, saúde, esporte e muitos outros.

Além disso, o resgate da memória do povo negro é uma forma de enfrentar o racismo estrutural e combater as desigualdades presentes na sociedade.

Ao trazer à luz a história e as experiências do povo negro, de modo especial em Matão, estamos desafiando os estereótipos e preconceitos arraigados que foram perpetuados ao longo dos tempos.

É uma oportunidade de ampliar o conhecimento coletivo, educar e criar empatia, promovendo a valorização da diversidade e a busca por uma sociedade mais inclusiva.

Ao resgatar a memória do povo negro, estamos construindo um legado de conhecimento, dignidade e justiça. É um passo em direção à construção de uma sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas, celebradas e tenham suas histórias contadas de forma completa e precisa.

Há mais aspectos a serem levados em conta, de modo especial na saúde da população negra. Deve se ter atenção com algumas patologias que se acham mais recorrentes nos descendentes de africanos do que nas demais raças.

É proposta nossa, transformada em lei, que seja dado um enfoque nesse quesito.

Temos feito várias ações que tendem a resgatar a memória do povo preto matonense, de tantas lutas e de tantas glórias, colocando a imagem de alguns num mural onde todos que por ali passarem, possam saber que devemos muito a esses cidadãos e cidadãs, cada um a seu tempo e modo, que ajudaram a escrever a nossa história.

O muro já está pequeno, pois são muitos os que merecem a justa homenagem.

Mas vamos caminhando, devagar, para que possamos ter um futuro com total igualdade entre todas as raças e credos.

Paulo Bernardi

Vereador, Presidente da 82ª Subseção da OAB em Matão.