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VIVER BEM É ESTUDAR A PRÓPRIA VIDA O TEMPO NÃO ESPERA NINGUÉM

Atualizado: 31 de ago. de 2023




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A humanidade busca a fórmula do bem viver e como utilizar o tempo com prazer, produtividade e sem resquícios de culpa.


O fenômeno do controle do tempo através de ferramentas mecânicas é recente e se intensificou absurdamente com a Revolução Industrial, quando se concluiu que “tempo é dinheiro”, literalmente.


Observando alguns apontamentos do filósofo estoico grego, Sêneca, podemos nos inspirar para uma breve reflexão. Ele afirma com insistência sobre a preciosidade da TEMPO (cronos) como riqueza não renovável.


Não há como negociar ou recuperar sua passagem. Aquele momento que se vai - e vai mesmo, querendo ou não -, não retrocede para um acerto, para um novo olhar, para um outro posicionamento... Já era... E, por ironia da própria vida, só nos damos conta dessa verdade quando usamos o tempo sem parcimônia, cuidado ou comedimento.


E, o que seria usar o tempo com adequação?


Eis aí um dos grandes desafios dessas épocas líquidas, como diz Bauman. É certo que nossa vida física e finita e aceitar essa característica pode nos levar a adotarmos a máxima do quase filósofo contemporâneo, Zeca Pagodinho – “deixa a vida me levar”, afinal, se tudo tem um fim, inclusive cada um de nós, vamos aproveitar o que temos.


Sêneca nos alerta sobre a necessidade de termos o mínimo de planejamento do nosso futuro, nossos projetos e sonhos, porém insiste em nos avisar que investir a maior parte de nossas energias e esperanças nele são fatores que desencadearão ansiedade e frustração. O futuro é incerto, pode ser enganoso e projetarmos todas as expectativas nele, quase sempre teremos decepções pois não temos controle sobre as circunstâncias que o acompanham.


Por outro lado, quando fazemos o inverso, debruçamo-nos sobre o espelho do passado, a nostalgia e o saudosismo ou o sentimento de culpa e inadequação com a realidade podem nos amordaçar e prender, impedindo-nos de experienciar o tempo que nos contém: o presente.


Viver o AQUI e AGORA é desafiador. Trata-se de uma experiência pessoal e intransferível que envolve espaço geográfico e psíquico, tempo cronológico e mental, além das somatórias daquilo que fomos e daqueles aos quais estamos nos tornando. Viver é dinâmico.


A grande jornada do tempo transformada em algumas décadas de vida (para a maioria) nos coloca em caminhos cujos destinos nem sempre alcançaremos ou nem temos ideia de quais sejam, no entanto, como numa viagem de trem, as paisagens que se somam durante o trajeto devem ser aproveitadas aos detalhes como motivo de felicidade e aprendizado.


Existir apenas pela obrigação de pagar responsavelmente os boletos bancários, as contas da casa, adquirir bens e constituir patrimônio, corresponder aos sonhos alheios ou por imposições e ameaças é doloroso demais.


Construir relações, sejam elas em que nível se apresentar por medo da solidão, por insegurança, por piedade nos impedem de, minimamente, atingir nosso objetivo como humanos: SER; e quase sempre ficamos desorientados porque não sabemos quem somos e o que essencialmente queremos. É muito comum estarmos presentes em vidas alheias e ausentes de nós mesmos, se estivermos em dúvida a esse respeito, observemos o que procuramos nas redes sociais e o tempo empenhando nessa procura.


E, novamente, uma interrogação nos bate: Havendo o que mudar, o que seria? O que deveria sofrer essa reflexão e concentração de forças e propósitos?


Melhor do que respostas são as perguntas... São elas que nos mobilizam a sair do local de conforto, porque trazem incômodo.


O que a Filosofia de Sêneca nos acrescenta? Ela nos alerta a respeito da procrastinação e do desejo dos prazeres imediatos, ao qual chamou de inconsistência temporal e que seriam sabotadores do autoconhecimento e do ir além do previsível, do reconhecimento da falibilidade dos projetos, das pessoas e de nós mesmos. Adiar e adiar é uma forma equivocada de prometer a si mesmo e a outros um futuro melhor sem vínculo algum com o presente. E, por que não iniciamos o que for possível desse por vir no agora? Porque não acreditamos em nossas capacidades e habilidades para tal, não nos conhecemos na intimidade de nós mesmos.


Nosso cérebro acostuma-se a trabalhar com o mais fácil e simples daí criamos a necessidade de “prêmios” imediatos, o que não é reprovável, desde que não se torne a regra. Buscamos o “TEMPO LIVRE” para justificar a exaustão que causamos com a procrastinação no tempo presente, a ansiedade projetada no tempo futuro e a melancolia depressiva depositada no tempo passado e isso se soma numa bomba de emoções, sentimentos e recordações no AGORA.


Utilizarmos o tempo livre em nosso favor, em algo que crescente cor, luz, sabor e boas lembranças em nossa autoconstrução e bagagem nessa viagem incrível em que todos nós estamos embarcados além de gratificante e necessário.


A marca desses novos e desafiadores tempos tem sido os amores líquidos, os pensares fluidos, os valores insípidos, as lembranças incolores e os projetos disformes. Sentimentos, relacionamentos e experiências significativas nos trazem robustez emocional. Novas e boas energias são combustível para a alma enfrentar e superar seu maior desafio: tornar-se a melhor versão de si mesmo, com plenitude e em paz com aquela entidade que está a seu dispor mas não espera por ninguém: o TEMPO.


Ana Lúcia de Cinque

Professora de História




O poderoso legado de uma professora

Chamada Ofélia Dalle Vedove Bambozzi



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Em 2023, minha querida cidade de Matão comemora 125 anos, e diante dos avanços tecnológicos e do crescente papel da inteligência artificial, surge a questão: os professores poderão ser substituídos por máquinas? A resposta pode ser incerta, mas de uma coisa tenho certeza: a tecnologia jamais substituirá o eterno legado deixado pela professora Ofélia Bambozzi. Remetendo-me ao ano de 1980, ao adentrar a sala de aula da renomada E.E. Prof.ª Chlorita de O. P. Martins, ainda criança, acompanhado por minha mãe, foi o início de uma jornada marcante. Ali, deparei-me com a presença acolhedora de dona Ofélia, uma professora cujo coração transbordava em dedicação aos seus alunos, mesmo sem conhecer suas condições e traumas pessoais. Desde o primeiro dia, enfrentei desafios para me expressar devido a uma gagueira que me acompanha desde os primeiros anos de vida. Porém, dona Ofélia não permitiu que eu fosse alvo de zombarias ou críticas. Ao contrário, ela me protegeu e me incentivou a superar minhas dificuldades. Durante as atividades de leitura em sala, ao invés de me isolar, dona Ofélia me chamava para sentar ao seu lado e fazer a leitura, mas, mesmo com seu apoio, eu nunca conseguia concluir a tarefa. Diante da minha aflição, ela olhava carinhosamente para mim e, com um amor inigualável, piscava e dizia: "Não tem problemas, você treina em casa." Sob seus olhos compreensivos e sua presença amorosa, sentia-me acolhido e motivado a enfrentar meus medos. Ao final do ano letivo, dona Ofélia me presenteou com uma obra especial, "O Pequeno Príncipe". Embora naquela ocasião eu não compreendesse plenamente sua mensagem, aquele presente ficou eternamente marcado na minha memória e coração. Anos depois, durante uma faxina no armário, ao reencontrar o livro, uma onda de emoção tomou conta de mim. Naquele instante, um mar de lembranças da sala de aula inundou minha mente, resplandecendo o carinho, o zelo e a proteção que dona Ofélia sempre me dedicou. Ela ultrapassava o papel de mera educadora; era verdadeiramente meu anjo guarda naquela escola.Além disso, ela foi quem me apresentou ao fascinante mundo da leitura. Seus ensinamentos foram o impulso que encantou minha imaginação e me mostrou horizontes inexplorados, tornando-me um leitor de carteirinha, posteriormente, inspirando-me a me tornar um escritor, palestrante e treinador comportamental que compartilha conhecimento e transforma vidas O legado de Ofélia Bambozzi não se restringiu apenas às quatro paredes da sala de aula. Essa inspiradora educadora deixou uma marca profunda em minha vida, levando-me a alçar voos inimagináveis. Hoje, aquela criança que um dia enfrentou desafios com a gagueira e a timidez se tornou um escritor, palestrante e treinador comportamental, levando suas mensagens de superação por todas as capitais do Brasil, com exceção a Palmas, capital de Tocantins. O impacto de dona Ofélia ultrapassou o ensino acadêmico. Suas lições e dedicação me inspiraram a superar obstáculos aparentemente impossíveis. Recordando suas orientações, mergulhei em um treinamento árduo em casa, lendo livros em voz alta, um após o outro. Os resultados foram surpreendentes; minha dicção melhorou e a gagueira, que tanto me afligia, praticamente desapareceu. Essa excepcional professora conseguiu marcar a minha vida de maneira inesquecível, e seu legado representa o verdadeiro propósito da educação. Para além dos conhecimentos acadêmicos, ela mergulhava na essência de cada aluno, guiando-os a vencer suas dificuldades pessoais. Enquanto caminhamos rumo a um futuro impregnado pela tecnologia, é essencial realçar o poder do toque humano na formação dos indivíduos. Professoras como Ofélia Bambozzi deixam um legado inestimável, capaz de moldar vidas e transformar futuras gerações. Se eu tivesse o poder de escolher uma professora para ensinar as pessoas no futuro, mil vezes eu escolheria a minha saudosa e amada professora Ofélia Bambozzi. Que seu exemplo de dedicação e amor ao ensino sirva como inspiração para educadores e alunos, ressaltando a imprescindível importância do lado humano no processo educacional. Que essa história permaneça como uma eterna homenagem a essa mulher exemplar, reafirmando aos futuros educadores o valor inestimável que os professores desempenham na construção de uma sociedade verdadeiramente grandiosa e inclusiva.


Eliseu Calijuri

Escritor



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